Início: Uma ciência do Comum

Hoje vamos iniciar um experimento coletivo de prática implicada de co-investigação. Em um momento de ataque à universidade e às nossas práticas de conhecimento, além de continuarmos lutando pela universidade, pretendemos fazer também reverberar a ideia de uma ciência que não pede autorização aos regimes de poder.

Uma ciência sucessora, minoritária e desconfiada de todos os divisores modernos que separam sujeitos de objetos, corpos e objetividade, regimes de verdades e compromissos políticos, universidade e luta, especialistas e amadores, fronteiras disciplinares. A ciência de comum é uma ciência de contrabando, sempre. Um laboratório povoado de contaminações criativas e de gente que assume a própria vulnerabilidade como ponto de partida de todo o conhecimento sobre o mundo.

Queremos experimentar uma ciência do Comum que possa restituir nossas capacidades de pensar em companhia diante dos novos cercamentos, de descobrir o que os poderes “tentam esconder a qualquer custo”. Criar nossas evidências e tecnopolíticas não-fascistas para fazermos juntos formas de vida não proprietárias, não securitárias. Uma ciência objetora de tudo que nos envenenou: produtividade, crescimento, competição, originalidade.

Uma ciência do comum é também uma prática estético-política porque sabemos, “o mais profundo é a pele” e se nos derrotaram foi porque “no nos pasaron por arriba, nos pasaron por abajo”. Uma ciência do comum é um corte no meio – nem macropolítica, nem micropolítica, mas uma outra, uma ciência interessada – “interesse” como aquilo que diz respeito a “estar entre”.

Um outro regime de saber que recusa o saber-governar, recusa a política da conscietização e do esclarecimento para investigar o que pode nos fazer-habitar e privar o poder de toda a sua legitimidade. Experimentação, alegria, insistência no mundo da vida e nas alianças inter-espécias. Só nos resta a aventura e muitos caldeirões borbulhando novamente.

Roteiro do Dia – 3 de outubro de 2019

  1. Abertura e roteiro do dia
  2. Exercício de aproximação
  3. Apresentação proposta do Laboratório do Comum
    3.1 Origem da proposta
    3.2 Sentidos do Comum
    3.3 Laboratório e Protótipo
    3.4 Do saber-governar para o saber-habitar
  4. Programa em Ação – Protótipo do Laboratório
    Dia-a-dia: encontros, pesquisa situada, campo, elaboração do protótipo
  5. Experimentação de Afinidades e Perguntas
    5.1 Baralho e nossos acordos
    5.2 Mapeamento Afinidades
  6. Fechamento

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