Para que possamos organizar a atividade do dia solicitamos que os participantes respondam previamente ao encontro três perguntas num formulário online. São respostas curtas (máximo 2 tweets):
Para inspirar:
Isabelle Stengers, No Tempo da Catástrofe
“Nós, herdeiros de uma destruição, os filhos daqueles que, expropriados de seus Comuns, foram a presa não apenas da exploração, mas também das abstrações que faziam deles qualquer um, temos que experimentar o que pode recriar – “fazer pegar novamente”, como se diz das plantas – a capacidade de pensar e agir juntos.[…]
Essa experimentação é política, pois não se trata de fazer com que as coisas “melhorem”, e sim de experimentar em um meio que sabemos estar saturado de armadilhas, de alternativas infernais, de impossibilidades elaboradas tanto pelo Estado como pelo capitalismo. A luta política aqui, porém, não passa por operações de representação, e sim, antes, por produção de repercussões, pela constituição de “caixas de ressonância” tais que o que ocorre com alguns leve os outros a pensar e agir, mas também que o que alguns realizam, aprendem, fazem existir, se torne outros tantos recursos e possibilidades experimentais para os outros. Cada êxito, por mais precário que seja, tem sua importância.[…]
E precisamos, principalmente, do que testemunhas, narrativas e celebrações podem transmitir: a experiência que assina a produção de uma conexão bem-sucedida entre a política e a produção experimental, sempre experimental, de uma capacidade nova de agir e de pensar. Tal experiência é o que, no rastro de Espinosa e de muitos outros, eu chamarei de alegria.[…]
A alegria, poderíamos dizer, é a assinatura do acontecimento por excelência, a produção-descoberta de um novo grau de liberdade, conferindo à vida uma dimensão complementar, modificando assim as relações entre as dimensões já habitadas. Alegria do primeiro passo, mesmo inquieto. E a alegria, por outro lado, tem uma potência epidêmica. A alegria é transmitida não de alguém que sabe a alguém que é ignorante, mas de um modo em si mesmo produtor de igualdade, alegria de pensar e de imaginar juntos, com os outros, graças aos outros.
Questões:
1) Nesses tempos de catástrofes (social, política, ambiental,
existencial…) como a vida na cidade afeta a sua vulnerabilidade? O que
você sente como erosão, extração ou expropriação do que é Comum na vida
urbana?
2) Como a sua precariedade te faz querer saber e experimentar no território?
3) Retomar nossa inteligência coletiva, fabricar bifurcações no presente. Como fazer-bairro? Qual saber-fazer-em-relação você desejaria inventar? Um arranjo socio-técnico e/ou corpóreo-sensorial e/ou estético-político e/ou cuidado-atenção e/ou de co-habitar e/ou de fazer-encontros e alianças, e/ou comunicação livre, e/ou de composição intra-espécies, e/ou de ruídos no regime binário de sexo-gênero, e/ou de neutralização dos necro-dispositivos racistas e dos tantos dispositivos da especulação que se apropriam de formas de vida produzidas no território, e/ou de nos mantermos vivos; ou outros.
One thought on “Questões vinculantes: afetos e problemas do Comum”
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